segunda-feira, 20 de abril de 2015

Não temos controle da nossa vida

Quando você recebe a notícia de que tem uma doença, qualquer que seja ela, primeiro você leva um susto bem grande. Quando descobri o tumor, chorei tanto! 

Primeiro pensei que eu ia morrer! Quantos casos a gente escuta de pessoas que faleceram por causa de tumores! Mas como diz meu neurocirurgião, posso perder o equilíbrio, cair no meio da rua e morrer atropelada, mas desse tumor não morro não! rsrs 

Depois que passou esse baque do primeiro momento, fiquei muito triste. Sentia uma revolta muito grande e culpava Deus (ou universo, ou como você preferir chamar) pois não aceitava que isso tinha acontecido comigo. Achava tudo isso muito injusto. Eu nunca fiz nada pra prejudicar ninguém e isso acontece comigo? Pensava nesses bandidos que tiram a vida de várias pessoas e não possuem nenhum problema de saúde! Isso me revoltava demais!

Ficava irritada pois eu queria ter uma vida normal e me preocupar com "Que roupa vou hoje na festa?" e não com "Será que vou conseguir ir na festa? Será que lá tem muitas escadas? Rampas? Quem também vai que eu confio e sei que vai me ajudar?".

Me sentia injustiçada pois tinha todo um planejamento na cabeça (sou meio racional demais... fiz engenharia né pessoal rs): terminar a faculdade, entrar numa consultoria grande, fazer MBA nos EUA, voltar pro Brasil, casar e ter filhos. E tudo estava indo conforme o planejado, até que tudo virou de cabeça pra baixo!

Parece que tudo isso aconteceu comigo para me mostrar que não podemos controlar nada na nossa vida... Temos a impressão de que estamos no controle, mas na verdade tudo isso é uma ilusão.

Vou dar um exemplo. O meu plano antes de descobrir o tumor era entrar numa consultoria de negócios grande (como a maior parte dos meus amigos de faculdade fizeram) e fazer um MBA no exterior. Depois do tumor as coisas mudaram radicalmente. Logo após me formar na faculdade fui efetivada (estava como estagiária fazia quase 1 ano em uma consultoria). Assim que fui efetivada, precisei fazer a segunda cirurgia e entrei com o auxílio-doença no INSS, pensando que tudo estava sob controle. Mas o que eu não sabia é que existe uma carência de 12 meses para o INSS aceitar o auxílio (não existe carência somente para algumas doenças). Como só tinha 2 meses de carteira assinada, o INSS recusou meu pedido e eu não recebi um só centavo (nesse país você tem data para ficar doente! rs)! Isso me revoltou de tal forma que eu decidi que nunca mais ia depender do INSS! Foi aí que decidi prestar um concurso público (depois conto como me virei pra estudar pra um concurso sendo que não consigo mais escrever com a mão direita). E hoje, cá estou, trabalhando (não efetivamente, pois estou em licença-saúde) pro Estado de São Paulo. Me mudei pra Jundiaí e, agora como funcionária pública concursada, não penso em sair do país.

Do nada minha vida mudou. Tudo o que eu achava que estava controlando mudou. O que podemos, e devemos, fazer é o nosso melhor sempre! Confiar (mesmo sem entender) que tudo está acontecendo para o melhor e viver um dia após o outro da melhor maneira possível!

Agora eu agradeço por tudo isso ter acontecido comigo e mudado meus planos de vida. Muitos podem achar isso um absurdo. Podem pensar "Como ela está agradecida por ter um tumor?!?". Mas o fato é que estou num lugar que eu adoro morar, num emprego bom, fiz novos amigos muito especiais, me aproximei de amigos antigos, estou mais próxima da minha família, não reclamo mais por besteiras, aproveito mais cada momento da vida, valorizo mais as pessoas que estão do meu lado... me tornei uma pessoa melhor! 





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