sexta-feira, 22 de maio de 2015

O alarmismo e a superproteção

Ontem aconteceu uma coisa que me deixou muito triste...

Precisava ir em um lugar aqui do lado do prédio pegar os remédios desse mês. Mas eles chegaram somente de tarde e eu estava sozinha para ir pegá-los. Depois da cirurgia, ainda não havia saído na rua sem ninguém, mas senti que conseguiria ir sozinha até lá. Não é que eu não consigo, mas tenho muito medo. Tirei coragem de todos os lugares possíveis e imagináveis e fui.

Fui bem até. Parava para pensar qual era o melhor caminho para conseguir chegar até lá, mas tudo estava dando certo. Até que chegou uma moça que mora aqui no meu prédio desesperada porque eu tinha saído sozinha. Eu não sabia o que falar. E eu, que estava calma, comecei a ficar nervosa e duvidar da decisão de ter ido sozinha. Ela me ajudou o restante do caminho.

Mas quando eu cheguei em casa, desabei e chorei demais. Eu sei que ela não fez por mal, muito pelo contrário, mas eu fiquei me sentindo uma inútil que não pode fazer nada sozinha. Me senti super dependente, o que pra mim é o pior sentimento que existe.

Não é que eu sou uma doida varrida e saio fazendo coisas que não vou conseguir. Eu sei meus limites e preciso forçá-los senão eu não vou aprender a fazer as coisas novamente. Meu cérebro precisa ser estimulado e aprender de novo os movimentos, como se equilibrar em diferentes terrenos, como descer uma rampa, ... Tipo um bebê que está aprendendo a andar. E para isso acontecer, preciso forçar meus limites.

Há 1 mês atrás eu nem cogitaria a possibilidade de ir pegar os remédios sozinha. Não foi nada fácil, mas estava tudo indo bem. Estava conseguindo. Mas isso que aconteceu me fez criar dúvidas sobre se tudo o que eu estou fazendo realmente está certo. Na hora me pareceu que eu deveria ficar em casa quieta, porque é muito perigoso fazer qualquer coisa sozinha.

Liguei para o meu pai e ele me acalmou. Ele me fez ver que tudo o que estou fazendo está certo e que eu devo me forçar a fazer as coisas sim. Ele me fez entender que essa moça não sabe como funciona a minha recuperação e que eu estava fazendo o que eu deveria fazer mesmo.

Ontem estava falando sobre isso com um amigo que quebrou o joelho e ficou um tempo sem conseguir andar. Quando as pessoas são superprotetoras conosco, a recuperação demora mais. Além do que, nos sentimos mal demais porque isso nos faz sentir diferentes. Não somos diferentes!

Quando eu falei que eu morava sozinha, a moça quase caiu pra trás! rs Mas o fato é que, depois que eu comecei a morar sozinha, melhorei demais! Isso porque estou me forçando a fazer as coisas: arrumar a cama, cozinhar, tirar o lixo... 

Estou tão melhor que hoje foi a primeira vez que fui fazer a perícia sozinha. E deu tudo certo! Já conhecia o lugar e foi tudo tranquilo!

A minha recuperação está indo tão bem que espero que essa seja a última licença que precisarei tirar. Não vejo a hora de ficar bem de novo e voltar a trabalhar. Enquanto isso não acontece, simbora trabalhar pra ficar 100% logo!






Nenhum comentário:

Postar um comentário